Maratona Internacional de BH – Belo Horizonte, MG – 07/05/2016, 10:15

Assim como a Dupla Volta Internacional da Pampulha, a Maratona Internacional de BH também não existe oficialmente. Entretanto, diferente da primeira, esta não é um treino ou percurso comum a ninguém por aqui. Foi um trajeto que eu mesmo inventei para me motivar a realizar um treino de 40km (e que obviamente foi estendido em 2,2km), ou seja, coisa de doido mesmo. O legal é que eu organizei, eu corri e eu venci a prova! rsrsrs

Ontem o dia começou favorável com sol e um treino leve de natação para relaxar, inclusive com direito a um violoncelista à beira da piscina, fazendo com que o bom humor fosse lá em cima e prometendo um “findi” excepcional. Mas como muita expectativa gera muita frustração, infelizmente a noite foi bem frustrante e acabei dormindo mal o que, por consequência, me trouxe uma enorme dificuldade para acordar hoje. Para piorar, passei a semana toda planejando fazer este longão com o pessoal da BH Trail Run, mas ontem à tarde não senti firmeza na galera para correr 40km no meio do mato e decidi abortar o plano. Resumindo: dificuldade enorme para sair da cama e correr 40km sozinho dentro de BH.

Como estou me especializando em começar os longos em horários já avançados, acabei repetindo essa estratégia mais uma vez. Sabia do risco de encarar um sol matador, mas essa possibilidade me parecia melhor do que bagunçar ainda mais a minha programação e inverter os treinos de hoje e amanhã. Conformado com essa realidade, tomei meu café sem pressa, preparei calmamente os apetrechos para o treino e pouco depois das 10:00 iniciei a missão.

A planilha previa 8 x (4km trote + 1km ritmado), mas para cumprir essa prescrição teria de ir para a Pampulha e ficar correndo sozinho num circuito curto. Dado o horário e o meu astral, achei que isso seria um prato cheio para desistir no meio do caminho, então optei por fazer um treino contínuo, o que me levou a tirar da gaveta a ideia de correr uma maratona aqui em BH. E para dar conta desse desafio, deixei o percurso em aberto, mentalizando apenas buscar novos lugares para correr. Deu muito certo!

Saí de casa e segui em direção ao Prado, onde, ao invés de me direcionar para a Contorno como normalmente faço, peguei a direção inversa e adentrei o bairro. De lá achei um caminho para o bairro Padre Eustáquio e, apesar de movimentado e pouco favorável para correr, desci toda a rua principal (homônima ao bairro) me distraindo com um percurso por onde nunca havia corrido. Os primeiros quilômetros não foram muito favoráveis. Me propus correr a 6′ / km, mas esse ritmo estava difícil de ser alcançado. O corpo simplesmente não rendia, algumas pequenas dores se manifestavam e o cenário que se desenhava não era bonito.

Descartei a preocupação com ritmo e me distraí pensando apenas no trajeto que seguiria, pois estava em uma região por onde trafego pouco e, portanto, quase desconhecida para mim. A partir do ponto onde a Rua Padre Eustáquio vira Rua Pará de Minas, o movimento diminuiu e tornou mais fácil a corrida. A essa altura estava entrando pelo km 7 e correr já era um pouco mais fácil e mais divertido.

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Como costumo dizer, a gente sofre, mas a gente se diverte! rs

Avistei uma placa indicando a Avenida Abílio Machado e o bairro Alípio de Melo e, como sabia que esse caminho me levaria para os arredores da Lagoa da Pampulha, decidi seguir por essa avenida e manter o aspecto de novidade do treino. Daí em diante a coisa foi melhorando, pois a cabeça e o corpo passaram a se entender e o treino finalmente começou a fluir. Não sabia exatamente onde para onde estava indo, mas também não me preocupava com isso e apenas mantinha em mente que em algum momento teria de seguir para a Lagoa da Pampulha, já que me parecia inevitável correr por lá.

Cheguei ao km 10 e, para minha surpresa, o pace médio estava cravado em 6′ / km, exatamente o meu alvo no início do treino. Corri mais 1km e encontrei uma pequena padaria onde decidi fazer a minha primeira parada para alimentar e hidratar. Comprei uma água mineral, comi uma pequena batata cozida e salgada e dei sequência ao treino. Nessa hora eu estava na Avenida Heráclito Mourão e já havia identificado que bastava seguir em frente para chegar à lagoa, o que levou mais uns 3km para acontecer. Quando vi que tinha apenas 14km na conta, me preocupei um pouco com a distância que ainda restava para vencer uma maratona, mas em momento algum tive dúvidas sobre o sucesso da empreitada.

Entrei na orla da Lagoa da Pampulha próximo à Toca da Raposa e optei por correr para o lado esquerdo, pois usei como fator motivador para esse trecho um saboroso caldo de cana que já conheço ali na região. Minha previsão é que chegaria lá com mais ou menos 19km, distância que já seria suficiente para realizar a segunda parada. Foi quase um piquenique, mas em momento algum pensei em fazer algo diferente. Bebi o caldo curtindo o sabor, comi amendoim salgado (que eu mesmo trouxe de casa), comprei 3 garrafas de água mineral 500ml e só então iniciei a terceira parte do treino. A meta agora era chegar até os 30km.

Continuei rodando pelo mesmo lado e o objetivo agora era seguir até o estádio Mineirão. O treino continuava tranquilo e a única coisa que me preocupava era o percurso que deveria seguir para chegar às redondezas de casa já bem próximo de completar os 42km. O plano era passar ao lado do Mineirão e continuar até a Avenida Antônio Carlos onde eu entraria à direita e desceria para a região central da cidade. Mas tinha dúvidas se esse trajeto seria suficientemente longo para completar o meu desafio.

Os quilômetros foram se passando, o corpo continuava forte e o ritmo se mantinha. Não foi difícil chegar ao km 30 e no km 31 fiz novamente um parada. Dessa vez consumi uma coca-cola, água e mais uma batata com sal. Continuei descendo a Avenida Antônio Carlos e calculei que pararia novamente por volta do km 36 ou 37, pois certamente precisaria de mais água quando atingisse essa quilometragem. O calor não era absurdo, mas estava quente o suficiente para dispensar valioso cuidado com a hidratação.

Durante as descidas e subidas da Antônio Carlos passei por locais estranhos, com poucas pessoas pela calçada e grupos frequentes de moradores de rua com aparência de drogados. É a triste realidade do nosso país. Senti um certo receio, mas me mantive concentrado em correr. Quando cheguei ao fim da Antônio Carlos estimava que se entrasse pela Via Expressa não alcançaria a quilometragem desejada ao chegar ao Gutierrez e teria de ficar rodando pelo bairro para atingir os 42km. Receita certa para fraquejar. Entrei então por uma rua desconhecida e corri uns 2km por ela até identificar onde estava: Cemitério do Bonfim, pertinho da Avenida Pedro II, portanto, em terras já bem conhecidas.

Da Pedro II segui para o elevado Castelo Branco e antes de atravessá-lo fiz mais uma parada onde consumi água de côco, mais água mineral e mais amendoim com sal. Estava completando 38km e, apesar de cansado, me sentia inteiro e continuava certo de que completaria a maratona sem sofrimento excessivo.

Iniciei a última parte correndo por um lugar que tem sido presença frequente em vários treinos, pois vira-e-mexe passo por esse trecho da Expressa. Em seguida voltei para a Avenida Francisco Sá, a mesma que abriu o treino e agora o encerraria. Foram 42,2km em 4:11’33” se descontarmos os intervalos e 4:38’49” se eles forem considerados. Mais do que satisfatório para um dia que não começou bem. Voltei para casa feliz por “concluir uma maratona” em minha cidade atual e mais ainda por tê-lo feito me sentindo tão bem!

No caminho para casa ainda tive forças para passar no supermercado e comprar algumas coisas para o almoço e o lanche da tarde, já que depois desse esforço todo, nada mais justo que reabastecer o esqueleto e descansá-lo para o treino de amanhã!

Clique aqui para ver esse treino no Strava.

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